Agradecimento da Chapa reeleita Avançar na Organização Consciência e LUTA!

Agradecemos todos aqueles que nos apoiaram durante a campanha, que divulgaram nossas propostas aos seus colegas, e aqueles que acreditaram e nos deram um voto de confiança para permanecermos mais um ano organizando conscientemente a luta dos estudantes e trabalhadores no Parobé. Porem precisamos dizer que não entendemos este processo eleitoral que vivenciamos como uma simples disputa entre propostas de estudantes. Entendemos como uma disputa entre um programa de luta em defesa e pela conquista de uma educação pública, popular, gratuita e de qualidade, contra a apatia e adestramento da consciência dos estudantes perante os ataques ao ensino público e aos trabalhadores, praticado pelos governos Lula, Yeda e Fogaça a serviço dos empresários. Em suma o que estava em jogo era os interesses históricos dos estudantes e trabalhadores versus os interesses dos empresários. Felizmente os estudantes do Parobé já estavam “precavidos” destes métodos e “promessas” e souberam distinguir entre os seus interesses e os de seus inimigos. No fim prevaleceu as propostas de uma gestão combativa, classista e independente para avançarmos na organização, consciência e luta.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Sobre o Conselho de Representantes de Turma

Este texto tem como objetivo explicar melhor a proposta do Conselho de Representantes de Turma (CRT), que foi uma de nossas bandeiras de campanha na eleição do ano passado, e que é uma de nossas tarefas mais importantes e que demandam maior esforço. Uma das responsabilidades de uma gestão consequente é deixar um saldo organizativo permanente, e o CRT é uma das formas de procurar cumprir com esta responsabilidade.

Desde que assumimos a direção do GEPA, procuramos integrar os estudantes às tarefas do mesmo. Esta integração é importante porque um grêmio estudantil, assim como qualquer outro organismo de classe (sindicatos, associações de moradores, entre outras) precisa do apoio, em primeiro lugar, e da cooperação, que está subordinada ao apoio, da coletividade a que representa. Não se consegue cumprir com as importantes tarefas que se impõe a essas entidades se não houver uma relação forte, de confiança, entre a direção e sua base.

Por isto, é importante que existam organismos em que a coletividade possa expressar suas vontades, seus desejos, em que possa expor suas dúvidas e seus anseios. Uma direção que não ouve os chamados de sua base não faz por merecer a confiança depositada em si. O CRT é isto, mas também é muito mais. É um organismo em que a direção é fiscalizada em suas ações, em que se faz um balanço da atuação da mesma. Além disto, é um espaço aberto para que novas lideranças surjam, impulsionando ainda mais a construção de um movimento estudantil forte no Parobé.

Por questões de espaço, não pudemos publicar uma explicação mais detalhada sobre esta proposta em nosso jornal. Como queremos que o estudante compreenda as propostas para que, movido por sua consciência, possa decidir sobre o melhor a ser feito, estamos lançando este texto. É importante frisar que o debate não está fechado, estamos apenas publicando, abertamente, algumas das conclusões a que chegamos através de nossas discussões internas.


DEMOCRACIA PELA BASE!


A democracia de base é um dos requisitos para que exista confiança entre uma direção e a coletividade que esta representa. A construção de organismos que funcionem como agentes desta democracia é uma prova de confiança da direção em sua base, assim como a eleição da direção é uma prova de confiança da base em sua direção.

O conjunto dos estudantes deve participar das discussões e decisões. Este é um passo importante, e sua construção pode ser lenta e difícil. Porém, é extremamente benéfico que isto aconteça, pois então se podem analisar as questões com maior precisão, pois se poderão medir melhor as forças disponíveis, e, a partir daí, atuar de forma adequada.

Na impossibilidade de se reunir a totalidade dos estudantes periodicamente (o Parobé possui por volta de 4000 alunos), um organismo como o CRT tem como objetivo possibilitar uma atuação do GEPA em conjunto com as turmas. Cada turma elege seu representante (com suplência), que, então, tem a responsabilidade de comparecer às reuniões do CRT, levando as reivindicações da turma, e informando a mesma das discussões do organismo. Os mandatos dos representantes possuem um diferencial: podem ser rapidamente revogados, por decisão da turma, e atribuídos a outro estudante, através de eleição direta, ou da forma que a turma considerar melhor. Ou seja, se um representante não está atuando como deveria, deve-se substituí-lo, pois o mesmo é a voz da turma no Conselho.

É importante notar também que o CRT não serve apenas como um “garoto de recados”, levando e trazendo mensagens. O CRT é um organismo também de decisão, e por isso é importante que o representante eleito esteja em sintonia com os desejos da maioria de sua turma. Por vezes, ocorrem eventos inesperados que exigem ações rápidas e firmes, o que impossibilita uma maior discussão sobre o que fazer a respeito. Nestes casos, é responsabilidade do CRT (se houver uma reunião em tempo hábil) e do GEPA decidir o que fazer e aplicar o que foi decidido. A tomada de decisão através do CRT não tira do GEPA o poder de decisão, mas antes, o descentraliza em diversas questões. O GEPA continuará decidindo sobre diversos assuntos, mas a idéia é de que, cada vez mais, as decisões sejam tomadas em conjunto.

Aqui entramos numa outra questão essencial: os balanços. Um balanço é, essencialmente, uma espécie de análise criteriosa sobre as ações que foram tomadas durante um determinado período, ou ainda, frente a um determinado acontecimento. Por exemplo, digamos que o xerox da escola venha apresentando problemas, como filas, pouca qualidade nas cópias, etc., e os estudantes demonstrem indignação a respeito do caso. O que se deve analisar no balanço? Se o CRT discutiu a questão, quais aspectos foram considerados mais urgentes, se tomou alguma decisão, e o que foi feito de forma prática. Da mesma forma, ações do GEPA serão fiscalizadas através do CRT – se, frente a este ou aquele acontecimento, o GEPA atuou de forma correta, ou, antes, se omitiu e não fez nada.

Com o progresso da construção pela base, podemos, com uma organização melhor e mais forte, exigir maior representatividade dos estudantes nas decisões sobre a escola. Somos os maiores interessados numa educação de qualidade, mas, infelizmente, somos também deixados de lado em toda e qualquer decisão sobre a administração da escola. Isto ocorre porque estamos desorganizados, e não temos a união necessária para representar uma força dentro da escola. Por exemplo, se estivéssemos organizados, poderíamos ter decidido, juntamente com os professores e a administração, sobre o conteúdo ensinado nos cursos técnicos, que passou por uma reformulação no último semestre.

Ou seja, guardadas as devidas proporções, podemos dizer que o projeto de um CRT é o de uma assembléia de deputados estudantis.


A TRADIÇÃO DO MOVIMENTO ESTUDANTIL, AS TAREFAS ATUAIS

E A NECESSIDADE DA CONSTRUÇÃO PELA BASE


Devemos retomar a tradição de luta que caracterizou o Parobé, especialmente durante a luta contra a ditadura militar. Nos anos 70, os anos do terror da ditadura, o Parobé, juntamente com o Julinho e o Instituto de Educação, eram as grandes lideranças do movimento estudantil em Porto Alegre contra a ditadura militar. Esta trajetória foi bruscamente interrompida com o fechamento do GEPA por ordens do governo, e depois procurou-se impossibilitar sua retomada com uma “regulamentação” das atividades dos grêmios estudantis, já na época da “reabertura política”.

O caráter democrático das entidades estudantis foi substituído pela burocratização das mesmas, com o apoio da UNE (União Nacional dos Estudantes, “representante” do ensino superior) e da UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, “representante” do ensino médio e técnico). Estas entidades hoje em dia não possuem mais a disposição de luta da época dos anos de chumbo, e apóiam os ataques do governo Lula ao ensino público, seja direta e abertamente, como no caso do REUNI, ou indiretamente, através de sua omissão. Além disso, hoje em dia não privilegiam mais a luta direta, única forma de obter conquistas duradouras para os estudantes, mas sim a luta parlamentar, institucional. Seus congressos hoje em dia servem apenas para ratificar as decisões já tomadas e aplicadas pela direção, sem uma discussão profunda dos assuntos de interesse da juventude e uma análise das necessidades dos estudantes.

A Conlute, que surgiu da necessidade de se construir uma entidade alternativa à UNE, tem se limitado a fazer chamados inconsequentes e irresponsáveis à “esquerda da UNE”, a FOE (Frente de Oposição de Esquerda), para que rompa com a entidade amiga de Lula. Pode-se fazer chamados a qualquer setor considerado progressivo (o que, em nossa opinião, não é o caso), mas não se pode, por conta disso, abandonar uma construção paralela, sistemática, tendo como alvo a vanguarda estudantil, que se renova frequentemente. A Conlute, atualmente, está “construindo” um congresso nacional de estudantes, ainda para o primeiro semestre deste ano, mas não se vê uma propaganda massiva do mesmo, e muitos estudantes ainda nem sabem que a entidade existe.

Outra questão que devemos lembrar é que, em período de crise econômica, como o que estamos passando, os ataques à educação pública (e aos outros serviços públicos, como a saúde e a Previdência Social) se intensificam, pois os governantes precisam ter uma fonte de onde retirar os subsídios aos empresários prestes a falir – e, surpresa, novamente os escolhidos para pagar a conta são o povo pobre, que depende destes serviços. Portanto, o período pelo qual passaremos nos próximos meses e anos deverá ser de muita luta, e grandes lutas. Porém, estas lutas exigirão que estejamos devidamente preparados – organizados, conscientes de nossas tarefas e dispostos a lutar para defender nossas conquistas. E esta preparação começa hoje.

Desejamos que o Parobé volte a ser a liderança que foi em outros tempos, para que nossas conquistas não sejam retiradas e para que conquistemos ainda mais. Chamamos a todos os estudantes para que sejam vanguarda nas lutas que se anunciam. É somente com muita luta que conseguiremos um futuro melhor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe suas opiniões aqui
entraremos em contato para mais esclarecimentos