Neste ano, excepcionalmente, não foi realizada nenhuma manifestação no dia. O motivo: há um ato do CPERS Sindicato (o sindicato dos professores do Rio Grande do Sul, cuja direção é formada por militantes do PT, PSOL e PSTU) reivindicando o “Fora Yeda”, no dia anterior, 30 de abril. Muitos já devem ter visto cartazes e propagandas na TV falando sobre a campanha, impulsionada principalmente por este sindicato. Contudo, o que está por trás desta campanha são os interesses eleitorais dos partidos que dirigem o CPERS.
Vamos fazer uma análise da questão. Aparentemente, o CPERS leva adiante a campanha por conta dos sucessivos ataques de Yeda à categoria. Todos devem se lembrar, por exemplo, da última greve, deflagrada por conta da recusa da governadora em aceitar os valores e “benefícios” exigidos pela categoria como piso salarial. Porém, apenas o “Fora Yeda” não é suficiente, pois apresentado assim simplesmente, dá a entender que um suposto governo do PSOL, do PSTU ou do PT poderia atender às reivindicações dos trabalhadores e deixar de atacar as suas conquistas.
Os ataques à educação pública não surgem da vontade deste ou daquele governante, mas das necessidades do próprio sistema capitalista. Este sistema existe para defender os interesses dos empresários, dos patrões, daqueles que são os donos dos meios de produção. Por conta do modo anárquico de produção deste sistema, a taxa de lucro das empresas tende sempre a cair, pois é produzido no mundo mais do que a demanda. Por conta disso, ocorrem os famosos “cortes de gastos” – e sempre quem sai perdendo nisso é, obviamente, o trabalhador, com demissões, métodos exploratórios como os bancos de horas, etc. Muitas vezes, isto não é suficiente, e as empresas afundam em dívidas. Quando isto ocorre em larga escala, acontece o que estamos vivendo hoje – uma crise econômica.
Nestes momentos, mais que nunca, para a alegria dos patrões, surgem milhões (muitas vezes bilhões) das mãos dos governos. Todo o dinheiro que os governos mentiam não ter para dedicar à educação, saúde, previdência, “magicamente” é colocado à disposição dos empresários falidos, para que liquidem suas dívidas. Os governos movem mundos para que os empresários não percam seus privilégios. Isto sem contar, claro, as isenções fiscais para as grandes multinacionais, que não precisam necessariamente de um momento de crise para existir.
Tudo isto tem um custo, é óbvio. O governo precisa, então, fazer como as empresas: cortar gastos. Diminui (ainda mais) a verba dos serviços básicos e ataca com maior ferocidade as conquistas dos servidores públicos. Por exemplo, para pagar os empréstimos junto ao Banco Mundial, a governadora Yeda acaba com o plano de carreira do magistério e “amontoa” o dobro da capacidade de alunos em uma sala de aula para manter mais professores desempregados.
A campanha do “Fora Yeda” é construída por via eleitoral, pois os partidos que a motivam, PSOL, PSTU e principalmente PT, a utilizam para fortalecer seus partidos para a próxima as próximas eleições. Deve-se lembrar, por exemplo, que Olívio Dutra, do PT, na época em que foi governador, também atacou os professores, que também fizeram greves durante seu mandato. O PSOL e o PSTU não governaram o Estado, mas por via eleitoral, jogando o jogo da burguesia, não seriam diferentes de todos os outros governos. Mesmo assim, estes partidos são culpados por, fazendo essa campanha de desgaste eleitoral do governo Yeda, levarem água ao moinho do PT em 2010.
Ao invés de denunciar apenas um governo, deve-se denunciar o sistema como um todo. Se quisermos ser verdadeiros com os trabalhadores, devemos destruir as ilusões que lhes são incutidas pelas direções pelegas,de que a troca de um governo por outro mudará a vida dos trabalhadores e estudantes. A campanha dos trabalhadores conscientes deve ser pela denúncia do capitalismo e pela organização dos trabalhadores em derrotar os ataques patrocinados por ele.
Para que tenhamos um governo que defenda os interesses da classe trabalhadora, é necessária, absolutamente necessária, a tomada do poder pela mesma. Mas é preciso, antes disto, um árduo trabalho de construção; em cada local de trabalho, em cada local de estudo, deve-se criar um movimento forte contra o capitalismo, denunciando este sistema explorador, e formando uma célula do poder operário. Este poder não consegue conviver indefinidamente com o poder da burguesia – cedo ou tarde, um ou outro precisará triunfar, pois a sobrevivência de um significa, necessariamente, a extinção do outro.
Isto é o que uma direção honesta diria aos trabalhadores. Isto é o que uma direção firme e decidida impulsionaria. Porém, por mais uma vez, no 1º de maio, a classe trabalhadora estará órfã de uma direção revolucionária.